Arte no Masculino

Tenho a energia feminina como recetiva, um cálice límpido e disponível para receber.

Criar exige esse recetáculo disponível para que a inspiração aconteça.

Sendo a energia masculina mais direcionada para a ação, quando a inspiração acontece, o impulso de criar é o que a fecunda para que a obra de arte se manifeste na matéria.

 

No Mundo em que crescemos, fomos maioritariamente estimulados para o exercício da energia masculina. Tenhamos nascido homens ou mulheres. No caso dos homens, o peso da racionalização ainda se torna maior, uma vez que algo sensível e delicado é sinónimo, em termos coletivos, de fazer parte de um estereótipo qualquer que nada tem de macho viril, como um homem “deve ser”!

Competição. Desigualdade. Violência. Agressividade. Humilhação. Tudo isto e muito mais brota de um mesmo lugar, diria eu: masculinidade tóxica, feminilidade masculinizada e tóxica, energias masculina e feminina doentes e doentias, emoções e impulsos naturais reprimidos.

Contrariar isto exige transcender todo um sistema de crenças herdado.

Contrariar isto, exige uma grande dose de valentia.

Energias masculina e feminina fazem parte de Pessoas de ambos os sexos. Mestria é tê-las equilibradas num só corpo.

Hoje, porém, vou refletir sobre os homens.

 

Cada vez mais, existem homens em busca de um equilíbrio dentro de si. Círculos de homens são algo que nasce como cogumelos nesta fase planetária. Para mim, círculos mistos são A Cena! Porque homens e mulheres se auxiliam mutuamente nesse equilíbrio interno. Ainda assim, os Círculos de homens e os Círculos de mulheres cumprem um propósito gigante!

 

Há dias, cá em casa, estávamos todos a criar. Amo-nos em Círculo! Potenciamo-nos imenso enquanto família e enquanto Seres individuais.

Olhei para a minha direita e vi a Arte do Maridão, que comunicou imediatamente comigo.

“Posso fazer um exercício contigo?” Nem sempre Ele gosta de ser conduzido. Foi programado para estar no comando racional, tal como todos nós. 

 “Podes!” – respondeu.

Há uma falsa crença de que se nos entregamos à mão de Outro que nos conduz deixamos de ser nós mesmos.

Nas sessões que conduzo, cada vez mais, nada digo sobre o que penso ou sinto. Não dou palpites nem conselhos. Tudo porque sei que nada sei do mundo interno do Outro. Apenas consigo projetar o meu mundo interno na Sua obra de arte.

 

Respirei fundo e apenas me abri a colocar a minha energia feminina a seu serviço. Tornei-me cálice para receber as perguntas que o fariam encontrar as suas respostas no único sítio onde as poderia encontrar: dentro de si.

Foi tão bonito e precioso o que ali vivemos que vou guardar para nós.

Apenas digo que houve olhos marejados de emoção, cortes intencionais de velhos padrões, muito amor e muita muita muita paz interior.

Tudo vivenciado através de tintas, lápis de cera e papel, bem no chão da nossa casa, na nova sala de artes. Na presença dos nossos Filhos.

Ver o Maridão abrir-se para receber, ser conduzido e se emocionar foi tão bonito que me fez voltar a apaixonar!

 

Há tanta beleza num homem sensível e delicado que ri, chora, ancora e, ao mesmo tempo, se permite ser ancorado, nutrido e mimado!

A arte tem este poder: colocar tudo no seu devido lugar e potenciar a beleza que dorme à espera de ser desperta.

Haja corações que se permitam…

 

Abraço-Te,

Cíntia Borges

PS: Se és homem e me lês, permite-Te! Se tens homens na Tua vida que precisem de ler este texto, envia-lhes o link desta página, para que o possam ler.

 

No mês de novembro, abrirei rodas semanais para criarmos em grupo. Mulheres e Homens são bem-vindos!

Podes ler toda a informação aqui

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