É bom largar o chicote da aparente espiritualidade

Tenho refletido acerca do mundo da espiritualidade de um prisma que nunca tinha observado.

Buscamos algo nesta área a partir de que lugar?

Estaremos numa busca interminável pela melhoria, aperfeiçoamento ou iluminação, por nos sentirmos insuficientes?

Serão as nossas feridas o ponto de partida que nos levam a procurar mais e melhor, para que confirmemos uma e outra vez que ainda não somos quem devíamos ser e busquemos a pílula mágica do Eden terreno?

Nos últimos tempos, tenho andado bem desligada deste mundo virtual aparentemente perfeito e promissor. Tenho tido uma experiência ainda mais humana que o habitual, sem grandes estudos (ainda que os ame e continuem a fazer parte da minha vida!) ou aventuras internas. Tenho-me deleitado de mim exatamente como sou, sem tentar alterar nada. E tem sido tão bonita esta experiência que me tem mostrado o quanto me amo, mesmo quando crio o meu próprio caos. Vem tudo do amor, Artista da Vida!

Tenho resgatado uma parte minha que achava ter perdido para sempre: a comoção com a bondade humana. E tenho-a sentido em coisas aparentemente simples e pouco espirituais. Sem teorias. Sem reflexões profundas. Pela simples observação e experiência.

Rio. Choro. Desde um lugar novo, mesmo que antigo. O lugar daquela que ama e transborda, tal como acontecia lá atrás. Luz e sombra. Céu e inferno. Ordem e caos. Adulta e criança. Sábia e inocente.

É bom voltar a ser eu, depois do chicote da exigência aparentemente espiritual.

É bom voltar a derreter e ser humana.

É bom voltar a ser Eu.

É bom ser a minha melhor amiga e amante, novamente.

É muito bom!

E isto só acontece quando deixo de correr para viver um dia e me dou ao luxo de VIVER agora.

Se soubéssemos a validade do corpo físico, continuaríamos a adiar a VIDA tal como ela é?

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